O ser humano e a dificuldade de assumir seus erros

Hoje, pouco depois do almoço, por volta das 14:15

Telefone toca:

[atendo]
- Danilo?
[Voz de um senhor]
- Oi, eu queria falar com a Vanessa.
- Hm, acho que o senhor ligou errado, não tem nenhuma Vanessa no setor.
- Mas qual o número daí?
- Que número o senhor discou?
- Aí é da Leopoldina?
- Não.
- De onde está falando?
[Neurose: nunca dou a informação que for via telefone se não souber quem está do outro lado]
- Que número o senhor discou?

Batem na minha cara. Sigo em frente, montando meus codiguinhos em paz.
Telefone toca novamente:

- Danilo?
- Oi, queria falar com a Vanessa.
[Respiro fundo e começo a duvidar da inteligência do interlocutor]
- O senhor ligou errado, não há nenhuma Vanessa no setor.
- Mas de onde está falando?
[Apesar da neurose, eu digo]
- Editora "X".
[Sim, estou omitindo o nome de onde trabalho]
[Um segundo de silêncio]

- Mas aí é da Leopoldina?

Desligo o telefone na cara do sujeito.
5 minutos depois, telefone toca.

- Danilo?
[Pessoa muda do outro lado pensando por uns dois segundos]
- Qual o número daí?
[Pessoa deste lado vendo o marcador de paciência bater no vermelho]
- Senhor, O SENHOR LIGOU ERRADO. Qual parte disto você não entendeu?
- Ma...
- Você ligou errado! O senhor tem problema?
[Meio segundo absorvendo o choque]
- Tenho.. Tenho problema sim, seu filho da puta! Meu problema é que você vá pra puta que pariu.
- Bom, pois o senhor que vá junto.

Desliga telefone.

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É impressionante como é alto o número de pessoas que ficam frustradas quando ligam errado pra algum lugar. O caso acima se distingue por conta do cara ainda por cima ser teimoso, mas mais de uma vez me aconteceu de alguém ligar pra mim com o seguinte diálogo:

- Por favor, Fulano está?
- Olha, eu não conheço nenhum fulano, você ligou errado. Que número você discou?
- XXXX-XXXX.
- É, o número está certo.
- Mas... Ele me deu este número.
- ENTÃO... Só que esse número é meu.
[Perdendo o resto de esperança na humanidade neste momento]
- Ah. Mas faz tempo? Esse número não era dele?
[Minha santa Aquerupita, faz diferença? Se eu soubesse o número do Fulano eu já teria falado!]
- Tenho faz um bom tempo e esse número eu comprei na loja.
- Ah tá. Ok.

Como pode estas pessoas entenderem que não, a pessoa do outro lado da linha NÃO tem culpa que você não sabe anotar números ou, pior, que a pessoa te passou errado propositadamente porque por algum motivo não te quer aporrinhando no telefone - e, pra desgraça alheia, uns pobres coitados como eu acabam sendo alvo deste tipo de infeliz.

Pior que quando eu digo pras pessoas que "se eu gostasse de gente eu não trabalhava com computadores" as pessoas ficam horrorizadas ou pensam que eu estou brincando.