06 setembro 2006

Meu traço é influênciado pelo Tim Burton antes de eu conhecer o trabalho do Tim Burton. Pior de tudo é que é verdade mesmo, eu já tinha um traço puxado pro estilo que uso atualmente antes de ver qualquer coisa dele, até mesmo o Estranho Mundo de Jack (que só fui assistir no meio de 2001 ou depois).

Lógico que depois que conheci o estilo do sr. Burton adotei algumas soluções dele, em especial a forma como eu trato alguns tons de cores... Mas o traço foi criado em cima de milhares de artistas, uma vez que eu não havia optado por um favorito quando comecei a desenhar, então pegava vários desenhos de vários estilos completamente diferentes entre si para copiar (acho que todo mundo começa copiando) e fui tirando o que mais me agradava de um e de outro, indo desde caras como Frank Miller até cartunistas como o Laerte, passando um bom tempo criando desenhos infantis e até mesmo tentando pegar um pouco de mangá e, quando dessa massa toda começou a surgir algo, fatalmente foi empurrado para caras como Mike Mignola, o já citado Burton e qualquer coisa dos grafites dos muros de São Paulo - não me comparando, nem de longe, a qualquer um deles, mas acho que é de onde eu absorvi/adaptei a maior parte das minhas soluções.

Ultimamente tem me batido novamente a vontade de correr atrás disso, de verdade. É algo que eu poderia até mesmo levar em paralelo ao que eu já faço, pra falar a verdade, eu desenho rápido. Acho que esta 'crise de adolêscencia' Tem um pouco a ver com toda uma carga de tensão e um certo aumento de responsabilidade, sempre parece uma saída para todos os problemas (mesmo ciente que não é), que eu estaria mais satisfeito fazendo isso que qualquer outra coisa. Não, não seria. Como um amigo meu disse outro dia, pode ser que, se passar a ser uma responsabilidade, perca totalmente a principal função que sempre teve na minha vida - que foi a de válvula de escape, um jeito de liberar o que está de ruim ou bom dentro de si (embora 99% das coisas que eu faço eu não esteja no melhor dos meus humores). Ou, pelo menos, um jeito de dividir/contaminar outras pessoas também...

De qualquer forma, o meu principal problema mesmo que eu pretendesse levar isso adiante agora seria o mesmo de sempre: eu preciso aprender a me vender. Não, não digo naquele sentido "oh, deus, vou prostituir minha arte" porque, se isso fosse preocupação, eu nem jogaria na internet e jogaria tudo no fundo do meu baú, trancado, para que quando alguém achasse pudesse vender por milhares de dólares (partindo do princípio que sim, eu tentaria ter uma morte trágica, pra combinar com o baú de arte enclausurada. Um sem o outro não faria sentido). Não, eu não sei levar o que eu quero mostrar pras pessoas certas ou, se mostro, não sei ficar apontando pra coisa e ficar falando "olha, fiz uma arbusto. Ele não é legal? Não é? Puxa, diga se não é o melhor arbusto que você já viu?" - sim, existem muitos desenhistas que ganham destaque porque sabem vencer o cliente no cansaço, diz tanto que é bom que mesmo que não seja, o cliente se convence que ele é o máximo.


[É a segunda noite seguida de insônia numa noite desgraçadamente fria, isso explica o momento reflexivo sobre os porques dos o ques eu faço. Vou tentar dormir, tentar acordar mais tranquilo e tentar não morrer de sinusite novamente pela manhã, como aconteceu no dia de ontem. Boa noite.]

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