05 dezembro 2006

Depressão dos infernos



Este é o Capeta. Já apareceu algumas vezes no meu flog e várias pra tomar umas e falar da vida (algumas conversas inclusive registradas aqui).

Acreditava eu que ele estava satisfeito com o rumo que as coisas tomaram, afinal, ele nem precisa fazer mais nada para influenciar a maldade que move (e remove) o mundo, que as coisas caminhavam como ele queria afinal.

Besteira.

É fato que ele perdeu sua função, mas não é isso que acaba gerando algumas bebedeiras com os amigos, jogando sinuca e brigando no fim da noite bêbado por ter passado a mão em alguma mulher que não devia (aliás, é engraçado ter que tirar o capeta bêbado da sarjeta de vez em quando e consolar o pobre diabo, não é algo que não se espera que se vá fazer algum dia na vida). O que realmente o incomoda é que as pessoas, além de continuarem botando a culpa nele por tudo que elas temem assumir para si mesmas, ainda por cima continuam fazendo as mesmas besteiras continuamente, dia após dia, errando sempre nos mesmos pontos. Diz que há tempos já soltou o mundo no piloto automático, que agora só se senta em frente a grande TV Celeste que monitora nosso mundo, no canal 42 (de vez em quando até faz uma pipoca e chama uns camaradas para assistirem todos juntos, Shiva, Jesus, Buda, Lilith, Alá, Cthulhu e uns outros hippies aí), mas que não aguenta mais nem mesmo assistir, é como se fosse uma série de alguns poucos episódios que reprisa indefinidamente há mais ou menos uns 10 mil anos. Vez ou outra surge algo interessante, mas isso anda cada vez mais raro, especialmente nos últimos dois séculos, que não só reprisamos as mesmas idéias como também tentamos faze-las parecer outra coisa, dando uma aparência mais bonita e sofisticada, como se até tivesse algum sentido, mas quando se abre a embalagem e se olha o produto você olha e diz "pombas... mas é isso de novo?"... Segundo ele, isso é pior ainda, porque ainda traz agregada a tortura da expectativa.

Sempre achei que as pessoas tentariam se livrar do diabo (e seus próprios diabos) através de religiões, buscas por iluminação, ceticismo, ateísmo, filosofias e coisas do gênero... Mas tenho que admitir, tentar mata-lo de tédio foi provavelmente a nossa última cartada realmente criativa. Infelizmente, se esse método funcionar para o Diabo, significa que provalmente já matamos também Deus de tédio muito, mas muito antes do sr. Nietzsche ter proclamado tal coisa.

Mas ele tem melhorado bastante desde que começou a tomar Lexotan e já me disse que toma-lo com álcool é uma experiência interessante.

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[Não deu tempo de postar os dados do lançamento do filme que falei abaixo, fiquei sabendo muito em cima da hora. Mas foi tudo bem, obrigado, e ao que parece agradou bastante os que estiveram presentes na exibição pública do mesmo]

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