21 dezembro 2006

Sobre outros tons

O botão de RSS é o primeiro ponto deste layout a ter alguma cor, e não apenas variações de intensidade de luz como o restante deste blog. Pensei em fazer uma versão pb dele para jogar assim, mas como um bom designer eu sei que isso irá descaracterizar uma marca que eu não sei como a pessoa que criou queria que ela fosse usada.

Não que isso faça diferença.

Mas é interessante porque este ponto (que é apenas um reforço, já que meu blog tem RSS desde o princípio, eu só não divulguei muito) vira uma espécie de ilha no meio da coisa toda, algo no meio de uma imagem que criei mas que não fui eu que criei. Meio como as coisas do mundo que passam a fazer parte da gente mas não são nossas propriamente.

A divagação em cima de uma coisa tão boba é que sim, eu me preocupei em conceituar este layout antes de montar. Quis que fosse simples, quis que tivesse pouca (ou nenhuma) cor. Quis ter um fundo escuro pra escrever, não me importa que isso não seja recomendado pela maioria dos designers de sites, se fizesse da forma certa perderia o efeito gráfico que eu queria ter. O layout tem um "acabamento" meio tosco propositalmente, sem preocupação por exemplo como em alguns momentos sobram imensas faixas vazias nas laterais. Tanto faz, afinal, todos nós temos alguns imensos espaços vazios, porque meu blog não haveria de ter?

A idéia das cores também é importante. Quis que tivesse o maior contraste possível, sem meios tons em lugar algum, exceto no desenho. Este desenho, que se chama vícios, é o lugar onde toda a realidade bate quando chega a um topo, onde você acaba achando suas fugas e achando seus meio-tons, onde finalmente compreende que tudo é sim meio misturado, apesar de quase tudo na vida as vezes ser apreendido como algo muito mais extremo do que realmente é. Existe os pontos de intersecção, muitas vezes chamados de pontos de fuga (que, como é ensinado em cursos de desenho, são os pontos onde todas as linhas se encontram em uma imagem, a partir da visão do observador. Um observador pode ter até três pontos de fuga diferentes em seu campo, Pai/Filho/Espírito-Santo, Terra/Inferno/Céu, Athos/Porthos/Aramis ou Huguinho/Zézinho/Luisinho, como preferir).

Não é uma apologia aos vícios, obviamente, pontos de fuga podem ser hábitos também (aliás, esta é a função dos livros ali atrás do sujeito bêbado e fumando aí em cima, que aliás são dois pontos de fuga também bastante comuns), mas achei que toda essa teoria encaixaria bem com a idéia que eu tenho de realidade, e de como ela pode ser atacada ou te atacar em determinados momentos (normalmente em ambos casos você perde), então, sim, um ponto laranja pode gerar um caos diferente do caos que eu propus inicialmente que depois deixou de ser caos e passou a ser uma estrutura, no caso a que sustenta tudo isso que você está lendo agora. Mas é como falei acima, é das coisas que passam a ser parte mas que não necessariamente pertencem ao todo e, embora possa ser encarado como "impureza", isso não é necessariamente algo que prejudique o andamento do resto do organismo.

[A necessidade neurótica de não conseguir criar nada que não tenha um significado/algo a ser interpretado é com certeza um dos meus hábitos que mais me incomodam. De vez em quando é complicado não conseguir fazer algo a esmo, somente por fazer]

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11 dezembro 2006

O Labirinto do Fauno

Assisti neste fim de semana O Labirinto do Fauno. Quando vi o trailer e as imagens do filme tempos atrás, a expectativa que me passou é que seria algo na linha do Neil Gaiman (algo como Coraline ou Mirror Mask) ou meio que Alice no País das maravilhas. Esteticamente, me lembra também um outro filme com quase o mesmo nome, O Labirinto, mas não sei o quanto um influênciou o outro visto que não me lembro deste segundo (que aliás, contava com David Bowie no papel de vilão).

A conclusão que cheguei ao final do Labirinto do Fauno: é o primeiro conto de fadas político que eu já vi. Não esperem coisas fofas e afins pulando da tela, nem monstros no estilo Sr. dos Anéis (que apesar de monstros, não são perturbadores). Aliás, não espere nem mesmo tanto terror por parte dos seres fantásticos, as ações dos humanos são muito mais assustadoras/aflitivas que as deles.

Faz muito tempo que não assistia um filme no cinema que eu realmente gostasse e que (coisa rara) conseguisse passar além da barreira de mero entretenimento.

Filme recomendado.

[Ah sim, o filme é mexicano e é inteiro em espanhol. Por um instante eu achei que tinha entrado na sala errada e estava passando Volver]

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07 dezembro 2006

Este mundo muito louco

Alemães malucos.

Genial.

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06 dezembro 2006

Insone

Insone insone insone insone insone insone insone insone insone insone insone.

Insone.

Se rolar de novo amanhã e depois, na quinta-feira eu provavelmente começo a alucinar (alguma parte divertida tinha que ter).

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05 dezembro 2006

Depressão dos infernos



Este é o Capeta. Já apareceu algumas vezes no meu flog e várias pra tomar umas e falar da vida (algumas conversas inclusive registradas aqui).

Acreditava eu que ele estava satisfeito com o rumo que as coisas tomaram, afinal, ele nem precisa fazer mais nada para influenciar a maldade que move (e remove) o mundo, que as coisas caminhavam como ele queria afinal.

Besteira.

É fato que ele perdeu sua função, mas não é isso que acaba gerando algumas bebedeiras com os amigos, jogando sinuca e brigando no fim da noite bêbado por ter passado a mão em alguma mulher que não devia (aliás, é engraçado ter que tirar o capeta bêbado da sarjeta de vez em quando e consolar o pobre diabo, não é algo que não se espera que se vá fazer algum dia na vida). O que realmente o incomoda é que as pessoas, além de continuarem botando a culpa nele por tudo que elas temem assumir para si mesmas, ainda por cima continuam fazendo as mesmas besteiras continuamente, dia após dia, errando sempre nos mesmos pontos. Diz que há tempos já soltou o mundo no piloto automático, que agora só se senta em frente a grande TV Celeste que monitora nosso mundo, no canal 42 (de vez em quando até faz uma pipoca e chama uns camaradas para assistirem todos juntos, Shiva, Jesus, Buda, Lilith, Alá, Cthulhu e uns outros hippies aí), mas que não aguenta mais nem mesmo assistir, é como se fosse uma série de alguns poucos episódios que reprisa indefinidamente há mais ou menos uns 10 mil anos. Vez ou outra surge algo interessante, mas isso anda cada vez mais raro, especialmente nos últimos dois séculos, que não só reprisamos as mesmas idéias como também tentamos faze-las parecer outra coisa, dando uma aparência mais bonita e sofisticada, como se até tivesse algum sentido, mas quando se abre a embalagem e se olha o produto você olha e diz "pombas... mas é isso de novo?"... Segundo ele, isso é pior ainda, porque ainda traz agregada a tortura da expectativa.

Sempre achei que as pessoas tentariam se livrar do diabo (e seus próprios diabos) através de religiões, buscas por iluminação, ceticismo, ateísmo, filosofias e coisas do gênero... Mas tenho que admitir, tentar mata-lo de tédio foi provavelmente a nossa última cartada realmente criativa. Infelizmente, se esse método funcionar para o Diabo, significa que provalmente já matamos também Deus de tédio muito, mas muito antes do sr. Nietzsche ter proclamado tal coisa.

Mas ele tem melhorado bastante desde que começou a tomar Lexotan e já me disse que toma-lo com álcool é uma experiência interessante.

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[Não deu tempo de postar os dados do lançamento do filme que falei abaixo, fiquei sabendo muito em cima da hora. Mas foi tudo bem, obrigado, e ao que parece agradou bastante os que estiveram presentes na exibição pública do mesmo]

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