22 fevereiro 2007

O post anterior será reescrito daqui a um mês e separado por setores. Eu falei de tanta coisa ao mesmo tempo que ficou realmente confuso, e o fato de eu estar numa crise de sociofobia às 4 da matina associado à exaustão não ajudou muito.

{Aliás, metade dele faz bem menos sentido hoje...}

Marcadores: ,

Ataque de realidade

Ando meio "porreado" de gente.

Isso não é incomum, acontece de tempos em tempos com todo mundo (acredito eu). Eu ainda não sei explicar qual o critério que eu uso, mas eu tendêncio a selecionar meia dúzia de pessoas com quem eu consigo socializar naturalmente, em geral as pessoas que conheço a mais tempo ou estão muito mais próximas que a maioria, e essas serão a que vou interagir com mais frequência por um periodo. Raramente é um número maior que 5 pessoas e já aconteceu do número ser 0 (mas, felizmente, a adolescência acabou faz tempo e dificilmente baterá um número crítico novamente).

Já me falaram algumas vezes que meu maior problema é que eu "sinto" demais o ambiente, me incomoda saber que coisas estão erradas por motivos estúpidos. Eu pego muito fácil a lógica das pessoas pensarem, então normalmente eu tenho uma idéia de porquê ela tomou aquela determinada ação e pelo menos alguns fatores básicos que as levam a agir daquele jeito. De vez em quando isso é terrivel, porque de certa forma exclui um pouco a culpa das pessoas por suas ações mas, ao mesmo tempo, eu e outros temos que lidar com consequências de problemas que não deveriam existir ou mesmo ser nossos. Nada mais cotidiano, mas a partir do momento que se está ciente deste conflito, não é possível não se desgastar pensando que não precisa ser daquele jeito. E, obviamente, a tendência é começar a tomar distância dos outros para não ter que passar por isso, não há como se aproximar sem se envolvar, pois não há como simplesmente não se importar se você olhar de perto.

Acho que o maior problema de ser extremamente racional e não ser tão frio quanto se gostaria é que isso não te permite criar alguma ilusão que te safe como acontece com a maioria das pessoas. Conseguir não se importar em levar a vida como se fosse um jogo que precisa de vencedor, ter pensamentos como "e daí, eu passei por cima mesmo, no meu lugar ele faria a mesma coisa" - como se todos fossem assim ou, mesmo se o tal "atropelado" fosse mesmo capaz disso, uma falha de caráter dele fosse motivo suficiente para justificar uma própria. Ou ainda, ser xingar uma pessoa que deu uma opinião sincera e não foi uma resposta de esperança, paz e esperança como a da novela das oito ou uma afirmação do tipo "não desista dos seus sonhos", evitando assim uma realidade desconfortável. Esse tipo de frase só deve ser dita se for realmente um voto de perseverança, caso contrário pode-se só estar impedindo a pessoa de tomar alguma atitude na vida, seja positivia ou não - independente de qual, é sempre melhor que ficar estagnado. Não é algo que as pessoas param para pensar com frequência. Em geral estão entretidas como se o trabalho fosse o centro do universo, ou criticando outras pessoas / sociedades como se não fizesse parte delas (o que leva à crítica desprovida de ação. Ficar martelando para todos seus amigos que os "bichos são seus amigos", por exemplo, não vai melhorar o mundo mas Entrar para uma organizações e divulgar as empresas que maltratam animais sim. Pena que 90% das pessoas preferem a primeira opção, que dá o status de revolucionário sem fazer grande força e ainda pode posar de "cool" para meia dúzia de idiotas iguais), lamuriando-se e dizendo que ninguém as compreende (como se mais ninguém tivesse sofrido, perdido alguém ou não pusesse a cabeça no travesseiro algumas noites e pensando "essa merda não acaba nunca?") ou ainda montando estratégias magníficas para beneficiar a si mesmo e nas pessoas que possam gerar algum interesse (normalmente as que vão oferecer alguma vantagem no futuro).

Cansa. As pessoas ficam o tempo todo tentando puxar você para as lutas delas, sem dar a mínima se você já tem as suas ou não. Querem que você assuma as causas delas mesmo que você não acredite e que para você não faz a mínima diferença, sem ter um único argumento bom nem mesmo para si mesmo, chegando a cúmulos de egolatria de acreditar ainda por cima que, quem não quer tomar o seu partido, provavelmente está conspirando / falando / armando com outros contra si mesmos. Na maioria das vezes, esse tipo de gente deveria ter noção que não é tão importante assim, ou pelo menos não é para quem realmente interessa.

Por isso tudo eu fico ainda mais fechado e até mais antipático de tempos em tempos. Não é nada com ninguém especificamente, é uma coisa mais geral e diria até que é a minha forma de fazer alguma coisa pelas pessoas, interferindo nas coisas somente se acreditar que vou poder ajudar mesmo (e estiver com paciência para tanto) em algo mesmo ou me defendendo caso prejudique a mim ou pessoas próximas. Mais ou menos como tirar a cabeça pra fora da água de vez em quando para tomar fôlego e voltar a nadar em seguida.

Sim, "Ataque de Realidade" é referência também a estas fases.

Marcadores: , ,

21 fevereiro 2007

Café como propagador de caos

Se sua empresa tem garrafas térmicas ao invés de máquinas de café, siga o seguinte procedimento: pegue post-its, escreva coisas como "café aromatizado com maçã", "café com melaço de ameixa", "café torrado com casca de laranja", etc, e cole um em cada garrafa. Em seguida, assuma uma posição pouco evidente para observar (se sua mesa dá visão para as garrafas, será o mais perfeito ponto de observação). Conte quantas pessoas provam um pouco de cada garrafa afim de verificar se existe mesmo diferença e, destas, se alguma solta algum comentário como "realmente, este de maçã é o mais gostoso".

Agora, se a empresa conta com uma máquina de café, coloque apenas um post-it com os dizeres "por favor, utlize a máquina ao lado" que já vai gerar um número de perplexos bem razoável. Escrever algo como "Viva la Revolucion" também pode ser interessante, mas as pessoas vão sacar mais rápido que aquilo foi obra de uma mente desocupada e/ou doentia.

Marcadores: ,

16 fevereiro 2007

100 anos de frevo

O frevo é uma dança que os pernambucanos inventaram porque não acharam nenhuma outra utilidade para um guarda-chuva na terra deles, visto que lá é tão quente que a chuva raramente consegue chegar até o chão antes de evaporar.

Há quem diga que os movimentos, aliás, foram inventados por alguns que ficaram mais frustrados por terem adquirido um guarda-chuva e não poder usar, e que ficavam com os mesmos perseguindo as poucas gotas de chuva que chegavam até a superfície (ou pelo menos próximo).

Marcadores:

13 fevereiro 2007

Ressaca globalizada é...

...ir a um Pub Irlândes cujo dono é árabe e comer batatas suiças, beber cerveja alemã e pagar com cartão de crédito americano. E tudo isso sem sair da Av. Paulista.

É quase como tomar um porre na ONU.

Marcadores:

08 fevereiro 2007

Dormir...

...é para os fracos.

Marcadores:

06 fevereiro 2007

Momento Discovery: A internet no Egito Antigo

A relação de amor e ódio entre pessoas do ramo de informática (especialmente as ligadas a parte de comunicação ou estrutura) e a cafeína é, sem dúvida alguma, tão velha quanto se possa imaginar. No Antigo Egito, quando surgiram os primeiros webdesigners e a internet era configurada nas paredes das pirâmides (tecnicamente, os textos/hieroglifos grafados nas pirâmides são considerados os spans com a maior demora de envio da história, 3000 anos. E você que reclamava que a AOL demorava 3 horas pra enviar...).

É quase certo que, com os prazos sempre apertados, muitos dos wall-designers (como eram conhecidos) viravam noites e noites em claro, tentando cumprir as metas para que seu faraó pudesse ter o seu website (na época, conhecidos também como pirâmides. O termo "site" fazia mais sentido na época, tanto que hoje em dia estes lugares são conhecidos como "sítios arqueológicos"/"archaeological sites") no que era o que eles chamavam de "a rede", onde nas horas vagas costumavam jogar tenis. A rede, quando não era usada para jogos, também era conhecida como desertos, ou seja, o termo "surfar na rede" provém daqueles que costumavam praticar sandsurf nas pirâmides e dunas (o sujeito subia com uma tábua até o topo da pirâmide e vinha deslizando até lá embaixo. Apenas dunas e pirâmides são recomendadas para o esporte, visto que o único sujeito que tentou ir com sua tábua descer uma montanha, quando voltou, tinha quase uma dúzia de mandamentos escritos nela). O maior problema da internet nesta época eram os buscadores, todos demoravam muito. Quando alguém tinha que encontrar algo, mandava uma equipe de escravos correr de pirâmide em pirâmide até achar a informação necessária. Isso melhorou muito quando criaram um esquema de catapultar o infeliz, enviando-o rapidamente de um website até outro - e este foram considerados os primeiros freelances de toda história da internet.

Voltando ao assunto, ninguém sabe como o café chegou até o Antigo Egito. As primeiras evidências de sua existência por lá foi quando, ao fuçar em uma catacumba, um arqueólogo encontrou uma sala oval secreta na ala leste de uma pirâmide, onde achou pilhas e pilhas de copinhos descartáveis feitos a base de pele de crocodilo e uma porção de bitucas de cigarro. Outra evidência de que os antigos wall-designers já faziam uso de café foi um imenso bloco de pedra com um vão para inserção de moedas e um compartimento na parte inferior com o aviso "cuidado, produto quente" que, por dentro, tinha um complicado jogo de espelhos que refletiam a luz do sol de forma a manter aquecida a bebida em seu interior.

Imagine o quão foi importante na construção da internet do Antigo Egito foi o café, visto as outras poucas técnicas que os wall-designers tinham para espantar o sono. Nem mesmo bons jogos estavam disponíveis, tecnicamente eles só poderiam jogar Prince of Persia ou Tetris, que são até legais, mas depois de jogar umas duas horas não há cristo que consiga manter-se acordado. Se não fosse o café, o que seria do mundo antigo? Chegariamos nós ao grau de tecnologia que temos hoje? Isso tudo, claro, sem contar que não teriamos as pirâmides enfeitando a areia de nosso planeta.

Nós, atuais webdesigners, temos muito a aprender estudando história.

Marcadores: , ,

01 fevereiro 2007

Incompatibilidade de sistema

Andando, desvairado pela rua, como se estivesse sendo por mastins saídos diretamente do inferno. Suava em bica, olhava para os lados nervoso (ao mesmo tempo que tentava não deixar ninguém ao redor perceber o nervosismo, como se alguém prestasse atenção), tinha impeto de quase chegar a correr, evitado apenas pelo seu senso de discrição.

No fundo, sabia que eram só suas neuroses que finalmente submergiram e dominaram a sua mente. Sinceramente, nunca fora lá das mais equilibradas. Ele sabia que o que o perseguia nada mais era que seus próprios pesadelos, auto-referências subjetivas que, em seus momentos de solidão, pulavam subitamente para o consciente inflingindo-lhe dor. Talvez o mais estranho de tudo fosse ter plena consciência disso e, ao mesmo tempo, ter a certeza do quão letal isso poderia lhe ser. Afinal, quantas e quantas vezes num momento de confusão você não achou tentador pular na frente de um ônibus ou na linha do metrô? O quão mais fácil, o quão mais lógico, dentro de uma realidade que você tem que ocupar a própria mente para que ela lhe pareça lógica (ou ao menos, para desviar sua atenção de que não faz o menor sentido?) isso não lhe pareceu o mais racional a se fazer?

Ofegava. Como nas aulas de educação física, ofegava e suava. Por isso odiava tanto educação física. Como alguém pode gostar de ter dificuldade pra respirar ao mesmo tempo que se sente molhado e fedido? Perguntou-se isso o colegial inteiro. A realidade oscilava. Anúncios brilhantes ao seu redor na avenida pareciam criar círculos, auréolas de cor, quase que uma canonização da coca-cola ou daquele nike que sabe-se lá porque, office-boys vendiam todo seu vale-refeição para poder comprar, mesmo que parecesse cretino ter um conjunto de doze molas sob o calcanhar. Os cheiros, embora habituais, davam um misto de sufocamento e prazer - o cheiro do óleo diesel queimado de um ônibus é terrivel, mas uma vez que se cresce na cidade grande, é algo que te traz associções de vários acontecimentos de sua vida, muitas vezes até esquecido, mas só a familiaridade da coisa já te leva a um estado muito mais confortável que o momento atual. Mas ainda não conseguira explicar pra si mesmo de onde vem tanto pânico. Seria alguma crise social, do tipo "eu não entendo minha função aqui"? Seria ridículo, ora, isso é coisa de adolescente. Como compartilharia isso com alguém, o que as pessoas diriam?

Quando tudo parecia mais claustrofóbico, enfim chegou ao prédio de paredes brancas. Não que isso aliviasse muito, a tensão e a ansiedade gerada pela possibilidade de uma solução ou, pior ainda, pela não possibilidade, botava seu nervos ainda mais a flor da pele. Estrangularia facilmente a mulher de roupas e chapéu branco que passava naquele momento. Sim, isso talvez o acalmasse. Mas teria problemas com a polícia, não teria? Seria preso. Como iria sobreviver na cadeia? Achava que pegaria cela especial, mas quem garante que faria alguma diferença(até porque, não tinha certeza, essa lei ainda era vigente?)?

Chegou sua vez. Falou com o homem de avental branco que o ouviu (ou fingiu muito bem) tudo que ele tinha a dizer. O homem de avental branco franziu a sobrancelha esquerda, olhou no fundo dos olhos (por "obrigação técnica") sem profundidade alguma e receitou cápsulas de 20ml de anulação para ele. Nem mesmo tentou ouvir o que ele tinha pra dizer antes de passar a receita.

Fez efeito. Hoje ele é uma pessoa bastante feliz. Acorda cedo, vai pro trabalho, volta, vê o jornal, dá um beijo nas crianças e vai deitar-se, com a única interferência de tomar uma capsula ao acordar e outra antes de dormir. Que coisa fantástica, este admirável novo mundo que, quando seu questionamento chega a níveis tão lógicos que não te deixam mais interagir com as outras pessoas ou com o mundo delas, te permite comprar na farmácia algo que destrua completamente seu senso crítico das coisas.

Deus abençoe o Prozac.

Marcadores: